“No início, a Questão Judaica me afligia amargamente. Pode ter havido um momento em que eu gostaria de escapar dela — para o seio cristão, em qualquer lugar. Mas, de qualquer forma, esses eram apenas desejos vagos nascidos da fraqueza da juventude. Pois posso dizer a mim mesmo, com a honestidade inerente a este diário — que seria completamente inútil se eu fosse hipócrita comigo mesmo — que nunca pensei seriamente em ser batizado ou em mudar meu nome” – Diário de Herzl.

Com a alvorada de um novo dia, Theodor Herzl erguia-se, envolto em uma imponente armadura, exalando a inabalável determinação que ardia em seu âmago. O sol, surgindo no horizonte, pintava o céu com tons dourados, enquanto uma multidão de centenas de pessoas se congregava na praça principal de Viena, ansiosa para testemunhar um duelo épico.
Diante dele, posicionados como antagonistas formidáveis, estavam os líderes antissemitas da Áustria: o Príncipe Lichtenstein, George Schoenerer e Karl Lueger. Três adversários imponentes, encarnando as sombras do antissemitismo que atormentavam Herzl.
O nome de Theodor Herzl ecoava pelos ares, enquanto a multidão de judeus presentes na praça vibrava de apoio. Gritos de encorajamento e apoio ecoavam ao seu redor, alimentando sua coragem e determinação.
Os olhos de Herzl faiscavam com determinação enquanto ele empunhava sua arma. Com a precisão de um herói lendário, ele disparou contra seus oponentes com destreza, eliminando os líderes antissemitas de forma implacável. Cada um deles caiu sem emitir um som, pondo fim à ameaça que assombrava sua comunidade.
Theodor Herzl, agora vitorioso, olhou para a multidão com um olhar sério, seus olhos brilhando com uma intensidade inigualável. A praça estava em silêncio absoluto, com todos os olhares fixos nele, ansiosos para ouvir suas palavras.
Ele ergueu a mão e começou a falar com firmeza e paixão: “Meus amigos, hoje demos um grande passo em direção à nossa luta contra o antissemitismo. O medo não deve mais gover….”
O som estridente do alarme cortou o silêncio da manhã, arrancando Herzl de seus sonhos. Sonolento, ele se levantou da cama e, com passos lentos, dirigiu-se até sua escrivaninha. Ali, seu diário descansava, esperando para receber suas palavras.
Com a visão ainda embaçada pelo sono, Herzl folheou as páginas do diário até encontrar suas últimas anotações. Havia algo de crucial que ele sentia a necessidade de registrar. Segurando a caneta com firmeza, suas mãos ainda trêmulas pela transição do mundo dos sonhos para a realidade, ele escreveu com determinação:
“Uma ideia insana me ocorreu em um sonho… E se eu desafiar os líderes antissemitas da Áustria para um duelo mortal… Se eu for alvejado, deixarei uma carta ao mundo, denunciando-me como vítima deste movimento injusto…, mas se eu conseguir abater meu oponente, desejo proferir um discurso magnífico perante o tribunal de jurisdição… e abordar profundamente a Questão Judaica.”
Herzl folheou as páginas de seu diário, cada linha que ele havia registrado ao longo dos meses. Seus olhos percorriam as palavras com uma crescente sensação de desespero. Cada ideia que ele havia anotado parecia mais insana do que a anterior.
“Quando comecei a me preocupar de fato com a Questão Judaica? Provavelmente desde que ela surgiu; certamente a partir do momento em que li o livro de Dühring. Em um de meus antigos cadernos, agora guardado em algum lugar em Viena, estão minhas primeiras observações sobre o livro de Dühring e sobre a Questão. Naquela época, eu ainda não tinha um jornal para publicar meus escritos – foi, acredito, em 1881 ou 1882; mas sei que até hoje repito algumas das coisas que anotei naquela época. À medida que os anos passavam, a Questão Judaica perfurava em mim, roía em mim, me atormentava e me fazia muito infeliz.”
As anotações revelavam um homem atormentado pelo antissemitismo que assolava sua época. Havia planos para desafiar inimigos em duelos mortais, propostas de conversões em massa ao cristianismo e até mesmo a ideia de pedir ao Papa que liderasse a luta contra o antissemitismo. Era como se ele estivesse buscando desesperadamente uma solução, qualquer solução, para o problema que consumia seus pensamentos.
Mas à medida que ele relia essas ideias, Herzl começava a enxergar a insanidade por trás delas. Ele se sentia como um homem à deriva em um mar de desespero, agarrando-se a qualquer tábua de salvação que lhe fosse oferecida, mesmo que essa tábua estivesse à beira da loucura.

